A tendinite de De Quervain é um problema comum no punho de praticantes de diversas modalidades esportivas como o tênis, squash, artes marciais e musculação. No entanto, ela não é uma situação causada por esforço ou excesso de uso, como acontece com a maioria das tendinites. E, para que se entenda o problema, é preciso conhecer um pouco da anatomia do punho.
Um pouco de anatomia
No dorso do punho, existem vários tendões, que têm como função esticar os dedos. Estes tendões são chamados de tendões extensores. Os tendões extensores passam, no dorso do punho, na transição entre o antebraço e a mão, por seis “túneis”. Estes “túneis” existem para que os tendões possam fazer força sem que o sentido desta força se altere. Assim, pode-se dizer que os “túneis” do dorso do punho fazem com que os tendões extensores não “saiam do rumo certo” toda vez que esticamos os dedos.
O “chão” deste túneis seria o próprio osso, e o “teto” é composto por um ligamento, endurecido, que chamamos de “polia”. E, da mesma forma que um carro só passa por túnel se couber dentro do mesmo, os tendões funcionam bem dentro de seus túneis porque cabem dentro deles. E é justamente aí que o problema acontece.
A tendinite de De Quervain é uma situação que se caracteriza pelo desequilíbrio entre o tamanho do tendão e o tamanho do túnel. Ocorre um espessamento do “teto” ( ou seja, da polia), o que faz com que o volume do túnel diminua. Desse modo, os tendões passam a ficar “apertados”, e consequentemente a região começa a doer. Virtualmente, os seis túneis podem sofrer este fenômeno, mas na prática isso acontece no primeiro túnel extensor, que fica logo abaixo do polegar. Pelo primeiro túnel, passam dois tendões chamados de extensor curto do polegar e abddutor longo do polegar.
Como se trata
O tratamento da tendinite de De Quervain inclui várias modalidades, e depende da intensidade dos sintomas e da experiência do médico. Inclui o uso de anti-inflamatórios, imobilização do punho, e o uso de talas especiais também. A fisioterapia ajuda muito, especialmente quando a dor é intensa. Uma técnica bastante usada também é a infiltração.
Como funciona a infiltratação
Através de uma agulha simples, e uma seringa, o médico injeta um liquido dentro do túnel, chamado corticóide. Este líquido tem como função remover o processo inflamatório da polia, e que inevitavelmente acomete também o tendão.
Problema pode ser cirúrgico?
Sim, todavia, só indica-se a cirurgia quando todas as tentativas de tratamento falharam. Isso inclui, do nosso ponto de vista, pelo menos duas infiltrações prévias. A cirurgia é simples, rápida, mas deve ser indicada apenas quando médico e paciente estiverem convictos que todas as outras possibilidades de tratamento foram usadas e falharam.
Experiência particular
Em nossa clínica, temos, particularmente, excelente resultados através da infiltração. A maioria de nossos pacientes consegue se ver livre do problema com uma aplicação apenas, e eventualmente necessitamos repetir o procedimento. Sem dúvida, existem casos refratários e que acabam necessitando de intervenção cirúrgica. Mas em nossa experiência a cirurgia é conduta de exceção.
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